sábado, 4 de setembro de 2021

Não atrapalhamos, inspiramos.

Eu, D. Nanci e Tia Gilsi
Sinto discordar, senhor Ministro, mas eu sou a prova viva de o senhor está totalmente equivocado.
Em agosto de 1985 um Diretor de uma escola local fez esse mesmo discurso "ela vai atrapalhar o bom andamento da escola". Contudo naquele momento eu já havia sido alfabetizada (quase um ano na AACD me foi o suficiente para tanto), porém não consegui vaga numa escola "normal". Diante dessa negativa, minha mãe recorreu à Delegacia de Ensino, passei por inúmeras avaliações para comprovar o que já era fato: que eu era capaz de aprender e evoluir, como qualquer outra criança. 


No inicio do ano seguinte (com onze anos) eu fui matriculada no primeiro ano, mas a professora, Dona Nanci Prestes viu meu potencial (afinal eu tinha bagagem para estar no terceiro ano) e foi aberto todo um processo - fiz dois anos em um (avaliações, testes). Nesse ponto eu assumo: atrapalhei. Atrapalhei o sistema, que teve que se adequar à minha realidade.
Desde então, estudei em escolas públicas, fiz dois cursos técnicos, um curso no Senai e tenho bacharelado em Sistemas de informação pela UNISO (Universidade de Sorocaba).
Colação de Grau 03/2010
Assistindo ao seu discurso voltei no tempo e ouvi novamente a resposta de minha mãe ao Diretor: "ela vai atrapalhar, sim. Ela vai fazer muitos amigos. O senhor tem filhos?..."
Um dos inúmeros testes que fiz naquela época dizia que eu tinha o QI baixo, em contrapartida hoje eu trabalho numa empresa multinacional faço parte de uma equipe de suporte de TI, atendendo vários países, desempenhado tarefas complexas, tarefas das quais o senhor talvez nunca tenha ouvido falar.

Acredito que este artigo possa atrapalhar (incomodar) muita gente que pensa e da mesma forma. Mas a pluralidade, a diversidade nos leva à um crescimento interior fantástico. Conviver com pessoas diferentes é um dos melhores aprendizados da existência.
Não atrapalhamos, senhor ministro, mas agregamos, inspiramos.
Limitar nossas crianças é limitar nosso futuro (futuros pensadores, gênios da ciência, medicina). 

sábado, 8 de fevereiro de 2020

Tempestade

Vejo um horizonte temeroso. Nuvens trazendo uma chuva de fundamentalismo, que ajudam à florescer o conservadorismo autoritário mundial.

Vejo o falso moralismo invadir educação, cultura, meios de comunicação, varrendo a liberdade, sufocado a voz da razão.

Vejo o negacionismo se enraizar, negando a história, a ciência. 

Ao longe, a tempestade se forma e as trovoadas de uma Nova Idade Média amedrontam as almas livres.

Raios de violência se espalham pelo mundo, seifando vidas, vitimando não só a humanidade, mas dizimando espécies que alguns de nós jamais conhecerão.

Mas acredito que o sol da razão brilhará em breve, trazendo o brilho dos sábios, dissipando as nuvens de insanidade, trazendo de volta a liberdade, a clareza de pensamento.

Prefiro crer que não haverá uma retrocesso Histórico nem científico.

Prefiro crer na dispersão da tempestade, na vinda  de dias mais ilimitados, na Primavera das Almas Gentis, na expansão do saber.

Prefiro crer que bons ventos trarão novas sementes que se tornarão grandes árvores de sabedoria.

Prefiro crer num amanhecer mais belo. 

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Medo

O medo de que excesso de conservadorismo e a intolerância nos transforme em seres inanimados sem opinião, sem vontade própria, sem liberdade, sem alma.

Medo que se acabem com a poesia, com a música (o seria de min sem ela?)

Medo que se proíba a expressão de intuições, pressentimentos (afinal, isso na Idade Média, poderia ser significado de "fogueira").

Medo que a "caça ás bruxas" ganhe força.

Medo de que, de repente, ao sair nas ruas, perceba que homens andam de um lado mulheres de outro. Como se fossem adversários.
Medo que paralisa.
Que subjuga, humilha.

Medo que o mundo seja tomado por fundamentalistas insanos, e que estes mesmos acabem se destruindo, levando todos com eles.

Esse é o seu medo também?

domingo, 4 de novembro de 2018

Celular - sinônimo de arma?

Que tipo de ameaça pode representar uma mulher com um celular nas mãos?
Ameaça a permanência da estagnação. Ameaça a manipulação da realidade pelo Poder Público. Ameaça a imposição da política do medo, da opressão. Ameaça a condição de um povo oprimido - que pode despertar e lutar.
Um "homem da lei" sentir-se ameaçado por uma mulher de celular em punho. Fato insólito.
Fato que mostra a real situação da consciência coletiva. Medo.
Não se pode mais expressar o que se pensa sobre isso ou aquilo. Se tiver uma posição política, melhor não se manifestar. Se falar, então em ideologia, o perigo é ainda maior.
E o que aconteceu com a democracia, a liberdade?
Denunciar se transformou em contravenção?

Que tipo de ameaça pode representar uma mulher com um celular nas mãos?

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Soberania da Verdade.

Somos vítimas passivas da soberania de nossas verdades. 
Por elas lutamos, trilhamos por caminhos inimagináveis, por elas amamos e, muitas vezes até matamos.
Nossas verdades não são necessariamente as do mundo. Aceitar a verdade do outro é difícil, mas pode ser um importante exercício de acolhimento.
Quisera que isso fosse parte da verdade de cada um.

Minha verdade é utópica sim, mas é minha verdade.
A tua verdade é tua, e ninguém tem o direito de te agredir, te atacar verbalmente ou de tirar tua vida.
Deveria ser o contrário - agregar, unir, alavancar vidas.

Verdades autoritárias oprimem, escravizam, enganam.

Qual seria a verdade do universo?

domingo, 7 de outubro de 2018

Acessibilidade Nas Eleições 2018 Em Sorocaba

Segundo os governantes, Sorocaba está acessível, adaptada.

A respeito disso, hoje, ao me dirigir ao local de votação - além da ausência total de calçadas transitáveis, que me obriga a disputar uma vaga  entre os carros - como a entrada principal da escola Acroásio de Vasconcellos Camargo não conta com rampa ou rebaixamento de calçada, sempre entro no colégio pelo estacionamento.


Isso se repete há alguns anos - mesmo durante o tempo  em fui mesária.



Entretanto ao tentar acessar esse caminho, me deparei com carros estacionados em frente aos portões e bloqueado a passagem das rampas.


Após meia hora consegui adentrar as dependências da escola.
Após a votação, formalizei uma reclamação. 


Depois de tudo isso fui informada que há uma rampa no outro lado da escola - do outro lado do quarteirão.



Acessibilidade é um direito - seja a cada dois anos ou diariamente.
Senhor Prefeito, a cidade de Sorocaba está adaptada?
Convido-o a dar um passeio ao meu lado pelos bairros da cidade, usando - como eu - uma cadeira-de-rodas.

sábado, 16 de junho de 2018

Liberdade - entre grilhões.

Você é livre?
Reflita.
Você é livre para ir e vir?
A constituição assegura isso, mas na prática, isso é uma realidade?
Podemos ir a todos os lugares?
Podemos afirmar que nossas ruas, calçadas, nos garantem acessibilidade e segurança?
Não! Na prática, essa direito nos é cerceado, muitas vezes por absoluta falta de conhecimento.
Em outras situações, é a falta de segurança nos fazem reféns de nossos próprios grades e portões - acorrentados ao medo da perda.

Livre para falar o que pensa, para falar do que acredita, para falar de sua fé?
Tem sido perigoso - creiam -, falar de sua fé, filosofia de vida. Não se sabe se, ao defender um ideal, você pode ser ovacionado ou agredido - ou mesmo morto.

Você é livre para falar de suas vontades e desejos e, ainda assim não ser julgado, condenado?
Quantos não são rechaçados por tão somente o que são.

Você é livre para gastar seu tempo com coisas que tocam a alma?
Não! Como "tempo é dinheiro", os ponteiros do relógio se tornam os nossos Senhores, nos acorrentando aos grilhões de dogmas, de instituições falidas e de falsas verdades, tudo isso ao som do "tic-tac".
Somos livres? Nossas mentes amordaçadss são livres?
Nossas almas doentes estão livres?