Eu, D. Nanci e Tia Gilsi |
Colação de Grau 03/2010 |
Eu, D. Nanci e Tia Gilsi |
Colação de Grau 03/2010 |
Vejo o falso moralismo invadir educação, cultura, meios de comunicação, varrendo a liberdade, sufocado a voz da razão.
Vejo o negacionismo se enraizar, negando a história, a ciência.
Ao longe, a tempestade se forma e as trovoadas de uma Nova Idade Média amedrontam as almas livres.
Raios de violência se espalham pelo mundo, seifando vidas, vitimando não só a humanidade, mas dizimando espécies que alguns de nós jamais conhecerão.
Mas acredito que o sol da razão brilhará em breve, trazendo o brilho dos sábios, dissipando as nuvens de insanidade, trazendo de volta a liberdade, a clareza de pensamento.
Prefiro crer que não haverá uma retrocesso Histórico nem científico.
Prefiro crer na dispersão da tempestade, na vinda de dias mais ilimitados, na Primavera das Almas Gentis, na expansão do saber.
Prefiro crer que bons ventos trarão novas sementes que se tornarão grandes árvores de sabedoria.
Prefiro crer num amanhecer mais belo.
O medo de que excesso de conservadorismo e a intolerância nos transforme em seres inanimados sem opinião, sem vontade própria, sem liberdade, sem alma.
Medo que se acabem com a poesia, com a música (o seria de min sem ela?)
Medo que se proíba a expressão de intuições, pressentimentos (afinal, isso na Idade Média, poderia ser significado de "fogueira").
Medo que a "caça ás bruxas" ganhe força.
Medo de que, de repente, ao sair nas ruas, perceba que homens andam de um lado mulheres de outro. Como se fossem adversários.
Medo que paralisa.
Que subjuga, humilha.
Medo que o mundo seja tomado por fundamentalistas insanos, e que estes mesmos acabem se destruindo, levando todos com eles.
Esse é o seu medo também?
Que tipo de ameaça pode representar uma mulher com um celular nas mãos?
Ameaça a permanência da estagnação. Ameaça a manipulação da realidade pelo Poder Público. Ameaça a imposição da política do medo, da opressão. Ameaça a condição de um povo oprimido - que pode despertar e lutar.
Um "homem da lei" sentir-se ameaçado por uma mulher de celular em punho. Fato insólito.
Fato que mostra a real situação da consciência coletiva. Medo.
Não se pode mais expressar o que se pensa sobre isso ou aquilo. Se tiver uma posição política, melhor não se manifestar. Se falar, então em ideologia, o perigo é ainda maior.
E o que aconteceu com a democracia, a liberdade?
Denunciar se transformou em contravenção?
Que tipo de ameaça pode representar uma mulher com um celular nas mãos?
Somos vítimas passivas da soberania de nossas verdades.
Por elas lutamos, trilhamos por caminhos inimagináveis, por elas amamos e, muitas vezes até matamos.
Nossas verdades não são necessariamente as do mundo. Aceitar a verdade do outro é difícil, mas pode ser um importante exercício de acolhimento.
Quisera que isso fosse parte da verdade de cada um.
Minha verdade é utópica sim, mas é minha verdade.
A tua verdade é tua, e ninguém tem o direito de te agredir, te atacar verbalmente ou de tirar tua vida.
Deveria ser o contrário - agregar, unir, alavancar vidas.
Verdades autoritárias oprimem, escravizam, enganam.
Qual seria a verdade do universo?
Você é livre?
Reflita.
Você é livre para ir e vir?
A constituição assegura isso, mas na prática, isso é uma realidade?
Podemos ir a todos os lugares?
Podemos afirmar que nossas ruas, calçadas, nos garantem acessibilidade e segurança?
Não! Na prática, essa direito nos é cerceado, muitas vezes por absoluta falta de conhecimento.
Em outras situações, é a falta de segurança nos fazem reféns de nossos próprios grades e portões - acorrentados ao medo da perda.
Livre para falar o que pensa, para falar do que acredita, para falar de sua fé?
Tem sido perigoso - creiam -, falar de sua fé, filosofia de vida. Não se sabe se, ao defender um ideal, você pode ser ovacionado ou agredido - ou mesmo morto.
Você é livre para falar de suas vontades e desejos e, ainda assim não ser julgado, condenado?
Quantos não são rechaçados por tão somente o que são.
Você é livre para gastar seu tempo com coisas que tocam a alma?
Não! Como "tempo é dinheiro", os ponteiros do relógio se tornam os nossos Senhores, nos acorrentando aos grilhões de dogmas, de instituições falidas e de falsas verdades, tudo isso ao som do "tic-tac".
Somos livres? Nossas mentes amordaçadss são livres?
Nossas almas doentes estão livres?